Terrorismo emocional
Se há coisas que amo nesta vida, uma delas é o terrorismo emocional que pulsa à nossa volta sempre que estamos juntos. Gosto da sensação de te sentir dolorosamente perto, perceber que o mundo lá fora está maravilhosamente distante, que vivemos esta paixão em silêncio, que existimos na sombra, sem jamais darmos voz às emoções que ecoam em nós, ou aos sentimentos que nos habitam sem licença ou autorização.
Enquanto as nossas conversas fluem, adoro sentir a minha boca a seduzir-te sem que lhe possas surripiar um beijo, não fazes a menor ideia do que me diverte passar o batom de cereja nos lábios, humedecê-los lentamente com a língua, só para ouvir a tua respiração alterar, só para te ver engolir em seco...
Apraz-me passar os dedos pelo cabelo… devagar… sem pressa… entrelaçá-los nos meus caracóis e sentir as tuas mãos imóveis, ansiosamente presas a cada um dos meus fios, num desejo aflito de o afagares, de o deixares em desalinho, de te deixares envolver pelo seu toque acetinado, macio e perfumado.
Sabes, há momentos em que brinco com gargantilha que repousa no meu pescoço só para te aprisionar ao “V” meu decote, para que te detenhas na minha pele branca, para que imagines a temperatura do meu corpo, o aroma adocicado que dele se desprende, para que te invada um desejo irrefreável de desapertar cada botão da minha camisa.
E quando te olho nos olhos, utilizo a minha arma mais letal, a transparência, o brilho do meu olhar que jamais desvio quando se encontra com o teu. Deixo que penetres no fundo dos meus sentidos e desvendes tudo o que sinto, tudo o que calo, tudo o que anseio. Nesse instante absorves-me para o interior da tua alma, e permites também que te escute sem nada murmurares, que te sinta sem te tocar, que te entenda sem nada verbalizares. Cada vez mais próximos no jogo da paixão, mas terrivelmente longe do razoável, consinto que este terrorismo emocional se acenda, se ateie, se inflame, se abrase e que no plano dos sonhos os nossos corpos ardam para se consumirem neste desejo, para se cumprirem neste amor.
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Texto: Sandra Barbosa
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Imagem: Retirada da Internet