"Ao perder-te perdemos tu e eu. Eu, porque eras o que eu mais amava e tu,porque eu era quem mais te amava. Mas de nós dois, és tuquem mais perde, porque eupoderei amar outros como teamava a ti, mas a ti, não te hão-de amar como eu te amei." (Ernesto Cardenal)
«Só para dizer que te amo, nem sempre encontro o melhor termo, nem sempre escolho o melhor modo. O teu mundo está tão perto do meu, e o que digo está tão longe, como o mar está do céu. »
Liguei o rádio do carro e fui brindada com os Clã no seu sublime Problema de Expressão. Claro que a minha mente voou logo para aquilo que é a minha vida e não pude deixar de pensar que, apesar de ser Professora de Português, devo ter um problema de expressão. Os meus alunos dizem que explico bem, mas mesmo assim, têm negativas; os meus visitantes do blog dizem que me exprimo bem, mas há situações em que fazem uma leitura completamente diferente da mensagem que quero passar; os meus filhos dizem que ouvem, mas nunca fazem nada daquilo que lhes peço (pelo menos na meia hora imediatamente a seguir); quando digo a alguém «amo-te» esse alguém não entende, fica sempre a tentar ler nas entrelinhas, aquilo que lá não está, e quando o tento demonstrar através de atitudes, também não capta os sinais.
Nenhum Homem pode impedir que o pássaro negro da tristeza voe sobre a sua cabeça. Contudo, pode impedir que nela faça ninho.» (Provérbio Chinês)
Partilho convosco este pensamento chinês que um dia, uma amiga, me disse, num momento particularmente triste da minha vida. Eu estava a deixar que o pássaro fizesse ninho. Pior… já o tinha deixado instalar, não só já fizera ninho, como também criação. E porque as palavras são poderosas e os amigos um bem precioso, este provérbio fez-me dar uma ordem de despejo ao pássaro e voltar a recuperar o meu sorriso. Que vos faça sorrir… Que vos dê que pensar. Bom fim-de semana.
Para sobreviver à perda, alguns dependentes afectivos inventam uma aberração amorosa que não é uma coisa nem outra: “amigorado”, que é uma mistura com mais do primeiro e menos do segundo, ainda que isso possa variar. Não tardarão a aparecer variações sobre o mesmo tema. É possível que comecemos a ver “esposorados” (esposos que parecem namorados), “amantosas” (uma mistura de amante e esposa) e outras experiências afectivas que permitem manter a ilusão de um encanto que já não existe.
Convertermo-nos em amantes da pessoa amada, com a desculpa de não desejarmos afastar-nos completamente é a pior das decisões. Não só impedimos a consumação do luto, como perpetuamos o sofrimento por tempo indeterminado. E se a relação era muito má ou pouco conveniente, pior ainda, porque desperdiçámos uma boa oportunidade de terminar de uma vez por todas com essa tortura.
Por sua natureza e seus efeitos, o ciúme aproxima-se da inveja. Porém, entre ciúme e inveja existem algumas diferenças. Na inveja, sentimos que alguém possui um bem que desejamos ter, enquanto que no ciúme defendemos um bem que julgamos ser nosso e que não desejamos partilhar com ninguém. (Pierre Charon)
Os ciumentos olham para tudo com lentes de aumentar, os quais engrandecem as coisas pequenas, agigantam os anões e fazem com que as suspeitas pareçam verdades. (Cervantes)
De todas as enfermidades que acometem o espírito, o ciúme é aquela a que tudo serve de alimento e nada serve de remédio. (Montaigne)
O ciúme, o receio de deixar, o medo de ser deixado são as dores inseparáveis do declínio do amor. (La Rochefoucauld)
O ciúme nasce sempre com o amor, mas nem sempre morre com ele. (La Rochefoucauld)
O ciúme é o meio-termo entre o amor e o ódio. (Commerson)