Ensinaste-me a amar mas não te perdoo não me ensinares a esquecer-te
Dizem que o tempo cura tudo, mas será mesmo verdade? Quanto tempo terei ainda pela frente até te arrancar completamente de mim? Quantas noites me restam a adormecer nas nossas recordações? Quantos pesadelos terei de viver pelas madrugadas a atormentarem-me os sonhos? Quantos dias me restam a acordar no vazio da cama áspera e fria, outrora um ninho quente e que foi nossa?
Ensinaste-me a amar, mas não te perdoo não me ensinares a esquecer-te. Não te perdoo continuares a correr-me nas veias, mantendo-me um espetro vivo que divaga por estes dias sem fim, não te perdoo habitares no meu coração como um inquilino indesejado que não consigo desalojar, nem te perdoo o gosto doce que deixaste na minha boca quando levaste os teus beijos e jamais perdoarei o toque das tuas mãos que continuo a sentir na pele sempre que fecho os olhos.
E o tempo passa, os dias sucedem-se vazios, os ponteiros seguem a sua dança constante e o meu amor está cá… cristalizado… petrificado… impedindo-me de respirar uma vida nova, impossibilitando-me de voltar a amar, de voltar a sentir. Sabes, já não sinto nada…a chama da paixão em que ardi contigo deu lugar às cinzas, o brilho do meu olhar quando te via, deu lugar à opacidade que tornam todos os homens invisíveis à minha volta, as minhas mãos estão cada vez mais frias, incapazes de voltar a tocar alguém e a primavera em que o nosso amor floresceu deu lugar a um longo inverno. Até as palavras perdi, eu que tinha sempre o dom do verbo, eu que era sempre tão argumentativa, agora só comunico por monossílabos e digo muito mais vezes “Não” do que “Sim”…
Já não sei sonhar, já não sei acreditar, perdi a ingenuidade bem como a confiança e a fé nos outros. Arrasto-me neste sucedâneo de dias à espera que o tempo te apague verdadeiramente de mim.
Dizem que o tempo cura tudo, mas será verdade?