Como Farás Amor, Meu Amor?
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Não dormes comigo à noite quando eu me volto e torno a voltar na cama, buscando um sono que te apague de mim, que afaste as perguntas que então me devoram «Onde estará ele agora? Estará sozinho em casa, sofrendo por minha causa? Estará acompanhado, dando a outra mulher o que eu já não tenho dele? Como fará ele amor com outra mulher? Como o pode?» Como farás amor, meu amor? Farás como eu faço de olhos fechados, de boca fechada, breve e silenciosamente, como se roubasse uma casa na escuridão da noite? Tentarás como eu substituir a paixão e o excesso pela ternura e pelo consentimento? Com essas a quem chamas amigas, farás amor como um amigo? E, por vezes, farás amor sozinho, como eu faço pensando em ti, descendo a mão devagar, devagar, devagar, com todo o resto da vida à minha frente? E quem dormirá ao teu lado de noite? (…) E que sabes tu do meu sono? Que imaginas tu das minhas noites? Saberás tu que as mais felizes são aquelas em que chego à cama e adormeço, sem sequer me lembrar de ti, nem querer, como na música de Simone “eu não me lembro, nem esqueço – adormeço”.