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aspalavrasnuncatedirei

Há palavras que nunca chegam ao destino...fazem uma longa e amarga travessia pela solidão dos sentidos e morrem na escrita destas crónicas.

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Há palavras que nunca chegam ao destino...fazem uma longa e amarga travessia pela solidão dos sentidos e morrem na escrita destas crónicas.

Posso Levar-te a Casa?

por aspalavrasnuncatedirei, em 27.06.07

Imagem: Campanha Publicitária da Luta Contra a Sida

 

«-Posso levar-te a casa?» Ouvi… e senti-me gelar. Olhei para o condutor do carro que parou ao meu lado e lá estavas tu, com o teu ar descontraído, como se ainda ontem nos tivéssemos visto. Não foi ontem… mas parece que foi… (tal é a tua presença em mim). Passou muito tempo desde a última vez que te vi, que te falei, que te toquei. Entrei. Dei-te um beijo tímido no rosto e rapidamente uma avalanche de recordações me envolveu. Continuas a usar o mesmo perfume (aquele aroma tão quente que sempre me deixou em brasa). «-Eu levo-te a casa», ouvi ao longe. A sensação que tive é que desde que entrei no teu carro, entrei noutra dimensão. Falavas de trivialidades, do que tinha sido a tua vida desde que nos separámos… mas eu nada ouvia, nada dizia… apenas sentia frio. Tocaste-me no joelho, quando meteste a mudança, e então acordei. Pediste desculpa, com um sorriso maroto, como se eu não soubesse que aquele “inocente” toque havia sido propositado. Olhei à minha volta, e embora estivesse bem longe de casa, percebi que aquele caminho me era familiar e, também ele, carregado de boas recordações! E, naquela altura, tive medo… Medo do caminho, de ti, mas acima de tudo… medo de mim! «Leva-me para casa», pedi-te com a voz a tremer. Mas tu ficaste surdo ao meu pedido e lentamente acariciaste a minha perna. Seguimos em silêncio. Paraste o carro naquele lugar onde outrora tantas vezes o fizeras, e disseste baixinho «- Senti tanto a tua falta». Envolveste-me num abraço que fez cair por terra todos os meus argumentos e defesas e foi então que, finalmente, o gelo se derreteu. Não sei quanto tempo ali fiquei, aninhada no teu abraço, perdida no teu cheiro, ansiosa por me perder no teu gosto. Lentamente, olhaste-me nos olhos e um arrepio de desejo percorreu todo o meu corpo. Nunca entendi o teu magnetismo, nunca percebi esse poder que exerces sobre mim, mas, naquele instante, percebi que seria incapaz de te negar o que quer que fosse. Puxaste-me para ti, sentaste-me no teu colo e, sem nunca retirares os teus olhos dos meus, abriste lentamente o fecho do meu vestido. Desviaste o teu olhar e pousaste-o, voluptuosamente, no meu peito, dando a perceber o quanto me desejavas. Senti o calor da tua boca e estremeci de prazer. Tremulamente, deixei que também os meus dedos desapertassem os botões da tua camisa, para que pudessem acariciar o teu peito, a tua barriga… Desapertei então o botão das tuas calças e lá estava a prova inegável de que me querias tanto quanto eu te queria. Entraste em mim e, como sempre, fiquei com a certeza de que os nossos corpos foram feitos à medida um do outro. Foi então que os teus olhos voltaram a procurar os meus… e por lá ficaram… Adoro fazer amor contigo assim, num abraço único… olhos nos olhos. Não existe melhor momento de comunhão dos  nossos seres.

2 comentários

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    De aspalavrasnuncatedirei a 27.06.2007 às 12:37

    Não tenho palavras para te dizer como achei lindíssimo este teu poema. Mais do que uma declaração de amor é um hino ao próprio envolvimento amoroso.
    Terminas com uma frase magnífica «só se faz amor, quando se acaricia a alma antes do corpo»... não conheço outra forma de fazer amor... o resto são «simpatias epidérmicas.
    Apenas alguém, obrigada por enriqueceres o meu post com a sensibilidade das tuas palavras.
    Bj
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