Cascata Mágica
por aspalavrasnuncatedirei, em 18.06.07
Imagem Retirada da Internet
«- Vou levar-te a um lugar mágico.» Disseste com aquele teu sorriso que me desarma e com a certeza de quem conhece todos os cantos do mundo. Não duvidei, como poderia duvidar? Apenas confiei e deixei-me guiar. Cada momento contigo, cada lugar, ganhava um brilho especial, apenas e só, porque estávamos juntos. Atravessámos um bosque, que parecia encantado, acompanhados pelo chilrear dos pássaros, pela brisa quente de um final de tarde, e pelo murmurar longínquo de uma queda de água. Parámos, aqui e ali, apenas para nos reabastecermos de beijos, carícias, olhares cúmplices e para trocar juras de amor. O fresco borbulhar do regato, que se adivinhava mais do que se via, era interrompido, a espaços, por raios de sol quentes que se colavam à nossa pele justificando a tua promessa. A magia acompanhava-nos desde o instante em que me deste a mão e disseste: “-Vem, é por aqui.” No fim desse caminho secreto, onde percorreste, não só a minha alma, como também os meus lábios, de uma forma que só tu sabes fazer, colocaste-te à minha frente, agarraste-me o rosto com as mãos, e murmuraste com voz doce, aumentando ainda mais a minha curiosidade: “- Fecha os olhos!” De olhos fechados, de mãos dadas contigo, percorri os últimos 5 metros e deliciei-me com o som da água a cair. “- Podes abrir!” disseste. De repente, as árvores que nos escondiam, abriram os braços, e à minha frente, majestosa e deslumbrante, surgiu uma imponente cascata. Mágica de facto, e nesse instante tantas emoções transbordaram em mim: alegria, deslumbramento, um medo terrível de te perder, a tristeza de um dia ter de partir…. O tempo parou, a vida ficou suspensa, só existíamos nós dois, o pôr-do-sol alaranjado, e aquela cascata. Ao chegar à praia deserta, tirei o meu vestido como se estivesse na intimidade de um quarto, que o mundo reservou para nós dois, feito de areia e mar, de brisa e sol, de magia e realidade. Suavemente, deixei que o vestido descobrisse os contornos do meu corpo, que te tinha prometido ao longo do caminho, deixei que sentisses que a minha pele estava sedenta dos teus lábios e do toque das tuas mãos. Olhaste-me intensamente e, no brilho dos teus olhos, li o quanto me desejavas. Avançaste lentamente, sem nunca desviar o olhar, e eu, a sorrir, recuei passo a passo, para despertar ainda mais o prazer dos teus sentidos… ou seria dos meus? Deixei que a cascata acalmasse o calor da minha pele… “- Vem…” balbuciei, sabendo que eu era o teu território, ávido por ser explorado, e nós dois juntos, formávamos a magia daquele lugar. “-Vem…”. Insisti. Riste-te, com um sorriso iluminado e ganhaste tempo. Então, maliciosamente, sem nunca desviar os meus olhos dos teus, tirei o meu bikini como quem coloca o ponto final numa doce discussão... Quando te aproximastes, sabia que te queria, sabia que me querias. Deixei de ver a silhueta do teu corpo e, na água apenas vi reflectida a Lua que acabara de chegar. Não te vi, mas senti-te. Os teus lábios quentes percorreram as minhas pernas, a minha barriga, o meu peito, vieram à tona e submergiram novamente, mas desta vez, na minha boca, ao mesmo tempo que um arrepio percorria rapidamente todo o meu corpo e me deixava abandonada em ti. O beijo que me deste, envolvente, com uma mistura de açúcar e sal, levou-me ao céu, mostrou-me as estrelas, e depositou-me devagar os entalhes feitos à medida do teu corpo. Naquele instante, fomos um só, haverá melhor magia que esta? Fizemos amor devagar “- Donos do tempo!” - recordo-me que disseste, olhos nos olhos, numa comunhão perfeita de “ser”, “estar” e “querer”, testemunhados pela cascata, iluminados pelo luar, alimentados por um amor que há tanto tempo se fazia esperar e que agora, finalmente, se cumpria.
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