Lágrimas de Professora
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Hoje terminei as aulas numa das minhas turmas. Há 10 anos que passo por isto e não me consigo habituar. A última aula dói-me na alma. Olho para as caritas deles e sei que provavelmente não os voltarei a ver. Todos os anos é igual: dizem que gostam muito de mim e que explico bem, dizem que sou muito rigorosa, mas muito carinhosa, e pedem-me para ser novamente professora deles o ano que vem (como se isso dependesse de mim). Trocam-se e-mails, números de telefone, fazem-se jantares de despedida, oferecem-me flores e enchem-me de beijos. Já sei que nos próximos meses, a caixa de mensagens do meu telemóvel vai ser inundada pelo carinho destes meus «pantufinhas emprestados», e assim que me encontrarem online, no msn, vão “meter-se” comigo. Mas em Setembro começarão novamente as aulas e virá uma outra professora que lhes conquistará o coração. E eles guardar-me-ão num cantinho doce e especial do seu coração. Da minha parte, em Setembro, a minha amargura estará ao rubro: estarei desempregada, sem escola, sem ordenado com 1001 perguntas a atormentarem-me a cabeça: «- Quando é que serei colocada?»; «-A quantos quilómetros ficarei de casa?»; «- Quantas horas irei leccionar?»; «- Com que vencimento?». Os dias suceder-se-ão num rosário de tristezas que lembra o condenado à morte, a caminho da cadeira eléctrica. Até quando? Continuo a perguntar eu. Até quando? Sei que não sou a única e que milhares de Professores sofrem na pele a injustiça de um sistema de contratação que não faz qualquer sentido, mas a cada ano que passa sinto que estou a chegar ao meu limite. Gosto muito de dar aulas e sou uma profissional competente, não preciso de estar aqui com falsas modéstias. Mas estou tão farta. Ei, psssttt, pssstttt!!! Sim, sim, vocês que me lêem. Alguém por aí conhece a Ministra da Educação e lhe faz chegar esta minha tristeza? Digam-lhe que http://aspalavrasnuncatedirei.blogs.sapo.pt é uma professora que adora aquilo que faz e que apenas quer trabalhar, dar continuidade aos projectos que inicia, ter a alegria de levá-los até ao fim, prosseguir com os mesmos alunos e não ter que abandoná-los quando eles finalmente estão em “ponto de rebuçado”, sentir a tranquilidade de pertencer ao quadro do sistema de ensino e nunca mais estar desempregada. Digam ainda que trabalho com rigor mas com um sorriso nos lábios, até mesmo quando choro por dentro, digam que não falto, já dei aulas com 40 graus de febre e já levei um dos meus filhos doentes para a escola, só para não prejudicar os meus alunos. Estou cansada. Farta. Ainda estamos em Junho e já estou a sofrer por antecipação.