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Há palavras que nunca chegam ao destino...fazem uma longa e amarga travessia pela solidão dos sentidos e morrem na escrita destas crónicas.

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Há palavras que nunca chegam ao destino...fazem uma longa e amarga travessia pela solidão dos sentidos e morrem na escrita destas crónicas.

Alimentar o Amor

por aspalavrasnuncatedirei, em 21.03.07

 

 

 

 

 O Amor pode ser o sentimento mais poderoso que existe mas as malhas que o envolvem são extremamente ténues. Isto porque o Amor precisa ser alimentado, no dia-a-dia, nas pequenas e nas grandes coisas senão morre, ou pior, vive moribundo.

 

A maioria das relações inicia-se com um período de paixão arrebatadora, onde todos os minutos são poucos para estar junto da pessoa amada, onde todos os olhares transmitem mensagens onde não são necessárias palavras, onde todos os sorrisos, apalermados, mostram o sentimento que nos vai na alma, onde tudo o que se faz é para agradar ao outro, porque se a pessoa que amamos, estiver bem, nós também estamos, e isso, é tudo o que importa.

 

Durante o período da conquista, os casais desdobram-se em manifestações de afecto, tudo serve de pretexto para uma mensagem, um telefonema, um encontro, dão-se escapadelas, aqui e ali, passam-se fins-de-semana românticos, indo para fora cá dentro, parece que todo o mundo circundante se torna secundário, e todas as energias se concentram apenas naquele ser especial que chegou à nossa vida e lhe devolveu todo o encanto há tanto tempo perdido.

 

Mostramos ao Outro o que temos de melhor, somos sempre tolerantes, compreensivos, companheiros. Os nossos defeitos desvanecem-se porque quando amamos somos seres sublimes, perfeitos e tentamos, a cada dia que passa, ser pessoas melhores, para desta forma também sermos dignos do amor daqueles que desejamos.

 

Mas o tempo…aquele aliado que tudo cura ou tudo destrói, por vezes instala-se na nossa vida como um bicho da madeira e, lentamente, vai corroendo, destruindo tudo à nossa volta.

 

O olhar vai perdendo o brilho, os sorrisos são cada vez menos iluminados, surgem constantemente desculpas com o trabalho, e as manifestações de afecto, essas… tornam-se inexistentes.

 

A maioria das pessoas instala-se confortavelmente no sofá do “Dado Adquirido”, consideram o Outro como uma extensão pessoal, uma

“Propriedade Privada”, só porque pensam que estão protegidos pelo papel do casamento ou porque lhes basta estarem envolvidos numa relação.

 

Nada mais errado! Até as propriedades privadas são tomadas de assalto de vez em quando, até elas são visitadas por vizinhos indesejáveis ou intrusos abusadores.

 

Como diz João Pedro Pais «Ninguém é de Ninguém» e por muito grande que um Amor seja, é absolutamente necessário alimentá-lo.

 

«Os Homens são todos iguais, querem todos a mesma coisa e depois de a alcançar perdem o interesse» dizem frequentemente as Mulheres que se queixam de que no início da relação eles faziam tudo para lhes agradar e que actualmente não se esforçam minimamente nesse sentido.

 

O que os Homens não percebem, ou não querem perceber, é que para a sua parceira se entregar verdadeiramente tem que se sentir amada, desejada, tem que se sentir a pessoa mais importante na vida daquele que ama. E quando o comodismo se instala e as pessoas deixam de “criar laços” as Mulheres começam a sentir-se inseguras e não se entregam a quem não lhes dá amor. Por isso é que têm frequentemente «dores de cabeça» e fecham-se como um bicho da conta, não se entregam a quem não as faz sentir especial. Obviamente que os Homens não pensam assim, eles acreditam que o seu interesse sexual é um indicador suficiente forte do Amor que sentem, como se amor e sexo fossem a mesma coisa.

 

Sim, é verdade, nós Mulheres somos muito exigentes. Precisamos de ouvir a vossa voz 10 vezes por dia no telemóvel, precisamos de ler mensagens palermas que digam baboseiras do género ‘Tenho saudades tuas’, ‘Gosto muito de ti’, (ou ‘Amo-te’, para os mais audazes), ‘És linda’, ‘Que sorte eu tenho em te ter ao meu lado’, ‘Nunca conheci ninguém como tu’ e outras piroseiras do género.

 

Mas como «Palavras Leva-as o Vento» precisamos ainda que as palavras sejam acompanhadas de outros mimos: acordar com um sorriso de «Bom Dia» e um abraço apertado, receber flores (de preferência em dias não festivos», que nos abram a porta do carro de vez em quando (e isso nada tem a ver com o ser feminista), gostamos ainda de receber um beijo arrebatado no meio da rua, mesmo que estejam 30 pessoas a ver, um convite para almoçar ou para jantar, só porque sim, ou então que nos prepararem uma refeição especial (e atenção, não é preciso nada muito complicado, uns ovos mexidos servem perfeitamente), gostamos ainda que nos elogiem o penteado novo ou a roupa nova (se não quiserem elogiar, ao menos reparem que é novo),  e last but not the least gostamos de estar sem fazer nada de especial, apenas a fruir a vossa presença, a vossa companhia.

 

Mas acima de tudo precisamos que nos olhem nos olhos e nos façam sentir amadas, que perguntem como foi o nosso dia, que se preocupem connosco, se comemos bem, se dormimos o suficiente, porque temos um ar cansado, por que choram os nossos olhos, por que suspiram as nossas almas.

Quando "exigimos a vossa atenção não é por capricho é porque qaundo amamos sentimos a vossa falta, e quando estão longe precisamos de vos sentir perto.

 

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