No amor, como na vida, são precisos dois para dançar o tango
O tango é a dança mais bonita e sensual que conheço, fascina-me a simbiose dos corpos dos bailarinos que se movem a um ritmo intenso, apaixonado, avassalador. Deslumbra-me a sensibilidade visível nos seus sentidos, a expressão sofrida dos seus rostos na medida em que o tango é um pensamento triste que se pode dançar.
No amor, como na vida, são precisos dois para dançar o tango, quando o amor surge traz com ele uma história nova para viver, sorrisos cúmplices para partilhar e é impossível ficar indiferente às sensações despertadas, ao arrepio da pele provocada pelos desejos, ao bater descompassado do coração, aos sonhos que se querem viver a dois e tornar reais. Mas no amor, como no tango, são precisas duas pessoas com vontade de tornar aquele relacionamento perfeito, há toda uma entrega à música, ao ritmo, à melodia da vida. Há uma necessidade urgente de amar o outro respeitando-o na sua essência, naquilo que tem para acrescentar à nossa vida e naquilo que vai levar de nós para o seu âmago.
Não adianta um impor ao outro o seu estilo, é um erro crasso cada bailarino dançar na direção que escolheu arrastando a contra vontade o seu par, é tremendamente egoísta fazer o parceiro dançar apenas ao ritmo do seu compasso, porque a harmonia nasce quando se respeita a cadência do outro.
Não chega um dos amantes amar demais, amar pelos dois, não é suficiente que apenas uma pessoa se esforce unilateralmente para que aquela relação dê certo, para que aquela dança flua no soalho brilhante e os corpos flutuem ao ritmo da paixão.
No amor, como no tango, não há movimentos perfeitos, não há felicidade sem esforço, sem dedicação, sem determinação ou empenho, mas quando os bailarinos decidem que querem fazer a diferença não há nada que os detenha, não há obstáculos intransponíveis, não há homem ou mulher que impeça que a dança da vida se paute em direção à linha do horizonte.
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Texto: Sandra Barbosa
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Imagem: retirada da Internet