Não posso negar
Não posso negar o caminho que fiz, como aqui cheguei, tudo aquilo que vislumbrei (a sonhar e acordada) o que a minha pele sentiu, o que o meu coração amou. Não posso negar o quanto fui feliz, porque ao olhar para trás vejo uma felicidade imensa, foi contigo que aprendi o nome das montanhas, que atravessei os rios, que conheci a areia dos desertos e que viajei na cauda dos cometas para tocar nas estrelas. Jamais poderei negar que foi ao teu lado que conheci a melodia dos pássaros que percebi que o vento também nos acaricia o rosto e que os raios do sol quando nos tocam não é apenas para nos aquecer.
Não, também não vou negar que sobrevivi contigo ao mais intenso dos temporais, como Ulisses na sua jangada, que foi contigo que fiz a descida aos infernos como o Dante e que sobrevivi à perda como só faz quem viveu um grande amor.
Enquanto me lembrar de todos os detalhes sinto-me viva e, nessa sensação, mantenho-nos vivos também. Há uma bola de cristal que flutua sobre nós que paira para nos lembrar que nós acontecemos, que fomos reais.