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Há palavras que nunca chegam ao destino...fazem uma longa e amarga travessia pela solidão dos sentidos e morrem na escrita destas crónicas.

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Há palavras que nunca chegam ao destino...fazem uma longa e amarga travessia pela solidão dos sentidos e morrem na escrita destas crónicas.

Ensinaste-me a amar mas não te perdoo não me ensinares a esquecer-te

por aspalavrasnuncatedirei, em 29.12.15

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Dizem que o tempo cura tudo, mas será mesmo verdade? Quanto tempo terei ainda pela frente até te arrancar completamente de mim? Quantas noites me restam a adormecer nas nossas recordações? Quantos pesadelos terei de viver pelas madrugadas a atormentarem-me os sonhos? Quantos dias me restam a acordar no vazio da cama áspera e fria, outrora um ninho quente e que foi nossa?

 

Ensinaste-me a amar, mas não te perdoo não me ensinares a esquecer-te. Não te perdoo continuares a correr-me nas veias, mantendo-me um espetro vivo que divaga por estes dias sem fim, não te perdoo habitares no meu coração como um inquilino indesejado que não consigo desalojar, nem te perdoo o gosto doce que deixaste na minha boca quando levaste os teus beijos e jamais perdoarei o toque das tuas mãos que continuo a sentir na pele sempre que fecho os olhos.

 

E o tempo passa, os dias sucedem-se vazios, os ponteiros seguem a sua dança constante e o meu amor está cá… cristalizado… petrificado… impedindo-me de respirar uma vida nova, impossibilitando-me de voltar a amar, de voltar a sentir. Sabes, já não sinto nada…a chama da paixão em que ardi contigo deu lugar às cinzas, o brilho do meu olhar quando te via, deu lugar à opacidade que tornam todos os homens invisíveis à minha volta, as minhas mãos estão cada vez mais frias, incapazes de voltar a tocar alguém e a primavera em que o nosso amor floresceu deu lugar a um longo inverno. Até as palavras perdi, eu que tinha sempre o dom do verbo, eu que era sempre tão argumentativa, agora só comunico por monossílabos e digo muito mais vezes “Não” do que “Sim”…

 

Já não sei sonhar, já não sei acreditar, perdi a ingenuidade bem como a confiança e a fé nos outros. Arrasto-me neste sucedâneo de dias à espera que o tempo te apague verdadeiramente de mim.

 

Dizem que o tempo cura tudo, mas será verdade? 

 

Não posso negar

por aspalavrasnuncatedirei, em 27.12.15

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Não posso negar o caminho que fiz, como aqui cheguei, tudo aquilo que vislumbrei (a sonhar e acordada) o que a minha pele sentiu, o que o meu coração amou. Não posso negar o quanto fui feliz, porque ao olhar para trás vejo uma felicidade imensa, foi contigo que aprendi o nome das montanhas, que atravessei os rios, que conheci a areia dos desertos e que viajei na cauda dos cometas para tocar nas estrelas. Jamais poderei negar que foi ao teu lado que conheci a melodia dos pássaros que percebi que o vento também nos acaricia o rosto e que os raios do sol quando nos tocam não é apenas para nos aquecer.

Não, também não vou negar que sobrevivi contigo ao mais intenso dos temporais, como Ulisses na sua jangada, que foi contigo que fiz a descida aos infernos como o Dante e que sobrevivi à perda como só faz quem viveu um grande amor.

Enquanto me lembrar de todos os detalhes sinto-me viva e, nessa sensação, mantenho-nos vivos também. Há uma bola de cristal que flutua sobre nós que paira para nos lembrar que nós acontecemos, que fomos reais.

Hoje doeste-me

por aspalavrasnuncatedirei, em 16.12.15

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Estava ainda deitada, não precisei abrir os olhos, naquele mesmo instante o meu pensamento esvoaçou ao teu encontro. Senti uma dor aguda, daquelas que se propagam por todo o corpo e que o deixam dormente durante horas. É frequente este estado quando me dóis, ficas latente em mim, agarrado à minha essência o dia inteiro.

Já me levantei pesada, é difícil carregar-te nos meus ombros franzinos e cansados uma vez mais. Outro dia inteiro a sonhar-te, a lembrar-te, a respirar-te. É sempre assim, tento esquecer-te, apagar-te, distraio-me como posso, trabalho mais horas para ocupar os pensamentos negligentes, leio mais livros para me distrair com histórias de finais felizes, oiço mais música para esquecer a tua voz, como mais chocolates para dissolver o teu gosto da minha boca, bebo mais vinho para atordoar a tua imagem em mim, passo mais horas no ginásio para que o corpo não chame por ti.

E no fim, do dia, quando regresso à cama, ainda me dóis mais. São os ecos das tuas histórias a partilhar comigo o teu dia, são as tuas pernas quentinhas onde aqueço os meus pés gelados, são as trocas de mimo que só quem ama conhece, são as muralhas do teu peito onde descanso a cabeça para dormir.

Hoje doeste-me… por isso vou dormir para te apagar de mim, porque enquanto durmo esqueço que existes e habitas num mundo do qual eu não faço parte, nada temo ao adormecer, há muito tempo que não sonho contigo e não tenho a sorte de me encontrar contigo nas estrelas da noite.

Também não sei viver, só estou a improvisar

por aspalavrasnuncatedirei, em 15.12.15

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E no meio da discussão, das lágrimas que caíam de par em par, das palavras que mutilavam como espadas ela gritou num pedido de socorro “- Também não sei viver, só estou a improvisar!”. Este desabafo atingiu-o como uma seta. Largou o orgulho, livrou-se da raiva, libertou-se da necessidade machista de ter sempre razão e deu dois passos decididos para ela, agarrando-a com determinação para a calar com um beijo.

Um beijo…era tudo o que era preciso para colocar um ponto final naquela discussão, prendeu o seu rosto com as mãos para impedi-la de fugir. Tinha de a fazer sentir naquela união de corpos que ela era a tal, aquela que os poetas versam em sonetos, aquela para quem os compositores conceberam as mais belas sinfonias, aquela por quem esperara a vida toda porque lhe traria o amor. Abraçou-a sem deixar que o beijo terminasse, naquele corpo delicado e franzino havia toda uma fortaleza onde ele habitava e sem o qual já não saberia viver.

Quando o beijo começou a desmaiar não deixou que a sua boca tivesse descanso, lentamente sobre os seus olhos, sobre a pele maravilhosamente perfumada e macia foi depositando todo o seu carinho e balbuciou inseguro com medo da resposta “ – Fica…eu também não sei viver mas quero improvisar a minha vida contigo”.

Nunca me esqueci de ti

por aspalavrasnuncatedirei, em 12.12.15

 

 

Fecho a porta do carro, a chave desliza pela ignição e de imediato o Rui Veloso senta-se no banco ao lado a cantar “Nunca Me Esqueci de Ti”. Fecho os olhos… inspiro fundo… penso inevitavelmente em ti… O meu pensamento voa pelos acordes da melodia… vejo-te aproximar com esse sorriso que me fez apaixonar por ti. Houve um tempo em que sabia de cor todos os teus movimentos, as cores que vestias, o perfume que usavas, os livros que te adormeciam na mesa-de-cabeceira. Hoje desconheço as estradas por onde caminhas, os terrenos que exploras, os socalcos em que tropeças, as areias movediças que te envolvem, a relva macia que te faz cócegas nos pés. Onde te levam hoje os teus passos?

 

A vida é feita disto mesmo: as pessoas cruzam-se, fazem o mesmo caminho lado a lado durante um tempo, que se quer sempre longo, e acabam por se perder nas encruzilhadas do tempo. Os nossos caminhos não são estradas planas, alcatroadas, lisas, desenhadas com traço fino de pincel. São cruzamentos sombrios, com cores escuras e misteriosas. Nunca sabemos onde nos levam os atalhos e caímos na ilusão constante que aquele é o caminho mais perto. Ainda não chegámos a meio e já nos assalta o desejo de voltar para trás, mas o caminho inverso é proibido, é próprio dos fracos e daqueles que se recusam a aceitar um erro e crescer com ele, por isso, enchemos o peito de ar, limpamos as lágrimas à manga da camisa e avançamos, a medo, tremulamente, com a crença, o desejo de que melhores caminhos virão. Quando estes chegam, abrimos as janelas da alma de par em par para que o ar viciado nos abandone e inundamos os pulmões de ar novo, vida nova e continuamos a caminhar felizes.

 

A música parou, antes de abrir os olhos despeço-me de ti, da tua imagem que sempre me acompanha, agradeço-te teres caminhado ao meu lado e tudo o que me ensinaste sobre o amor. A vida dá muitas voltas, caminhamos hoje por estradas distintas mas…nunca me esqueci de ti.

 

 

 

 

Gosto de te habitar nos demónios que assolam as tuas noites...

por aspalavrasnuncatedirei, em 07.12.15

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Imagino-te a rebolar na cama, de um lado para o outro, suado, perdido sem sono. O vento sopra nas tuas janelas e o silvo fininho incomoda-te; o relógio antigo de parede move-se lá longe na sala, ao som de um tic tac oco que te irrita profundamente. O bebé dos vizinhos do 9º Esq chora com fome e tu tapas os ouvidos impaciente; o casal do andar de baixo ama-se nos gemidos da noite e o teu corpo contorce-se de inveja. Acima de tudo... as almofadas ainda cheiram a mim e tu não aguentas de saudades.

A minha imagem de demónio de saias habita em ti, vive nas pequenas coisas com que te deparas diariamente: a minha escova de dentes esquecida no copo da casa de banho, o meu CD favorito no móvel da sala, o meu livro na tua escrivaninha, a minha camisa de dormir virgem na tua gaveta e a minha fotografia onde te sopro um beijo que se mantém teimosa na mesa-de-cabeceira.

Dás mais uma volta, das mil e uma voltas que darás esta noite, tentando inutilmente dormir. Exaspera-te ver-me sair (imaginariamente) da banheira embrulhada na toalha a pingar de amor e desejo por ti; enfurece-te a minha chegada (ilusória) à cama com um body sexy a sorrir atrevida, amargura-te o meu corpo nu (sonhado) e outrora conquistado debaixo do cetim dos teus lençóis; entristece-te o vazio e o silêncio quando tudo o que querias era o meu sorriso doce e apaixonado, deitado na cama ao teu lado.

E a noite vai caminhando a passos dolorosamente lentos ao encontro da madrugada. As horas passam e o meu olhar não chega para te seduzir, as minhas mãos não surgem para te desbravar, a minha boca não vem com sabor a pecado e mel e eu sou apenas um eco, uma miragem, das tuas noites mais felizes.

Gosto de te imaginar assim...uma fera acossada consumida pela fome de mim, pelas saudades de nós e os segundos passam e arranham-te a alma numa insónia sem fim.

Sabes que essas noites de angústia e solidão podiam ter um fim, não sabes? Sabes que eu posso chegar antes do nascer do sol e trazer mais luz à tua vida, não sabes?

Posso... por ti... em ti... contigo... eu posso tudo...

Posso amar-te com a paz que os teus dias desejam e com a loucura que as tuas noites precisam.

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