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aspalavrasnuncatedirei

Há palavras que nunca chegam ao destino...fazem uma longa e amarga travessia pela solidão dos sentidos e morrem na escrita destas crónicas.

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Há palavras que nunca chegam ao destino...fazem uma longa e amarga travessia pela solidão dos sentidos e morrem na escrita destas crónicas.

Resquícios teus

por aspalavrasnuncatedirei, em 08.11.15

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Há muito que partiste, mas por alguma razão que não consigo compreender, há resquícios teus em todo o lado.


Começa logo pela manhã, não adianta trocar os lençóis, há sempre um fio louro e encaracolado que poisa na almofada que foi tua. Fecho os olhos e deslizo os meus dedos na esperança de imaginariamente te tocar, mas a tua imagem esfuma-se nesta névoa de recordações todos os dias mais um bocadinho.

 


Levanto-me decidido a seguir em frente com a minha vida, mas ainda consigo vislumbrar os corações que desenhavas com batom vermelho no espelho da casa de banho, e no ar, ainda sinto o teu perfume, impregnado nas paredes, como outrora acontecia antes de ires trabalhar.


Dou mais um passo, vou para o duche e enrolo-me à toalha que por mais que a lave, ainda cheira a ti. As gotas do teu corpo que a toalha saboreava ficaram gravadas neste turco macio em que hoje me enxugo solitário.


E a saga continua, vou para o closet escolher uma camisa, e de repente, cai de um dos teus esconderijos secretos, um Post It, onde leio "have i told you lately that i love you". E perco-me na voz do Van Morrison e neste tema de que tanto gostavas. Fecho os olhos, pergunto-me porque é que nunca dançamos este ou outro tema, sempre adoraste dançar, mas não me lembro de te ter embalado os passos, ao ritmo de canções de amor.


Ia jurar que da cozinha me chega entretanto o aroma das torradas e dos teus ovos mexidos. Nunca tive coragem de te dizer, mas sabes que os teus ovos são os piores do mundo? Com a tua mania das dietas  cortas na manteiga e na cebola de uma forma criminosa (meu Deus, como eu gostava de voltar a comer os teus ovos mexidos deslavados).


Preparo-me para ir trabalhar, enquanto arrumo uns papéis descubro um Ferrero Rocher acompanhado de um bilhete "na falta de um beijo doce, deixo-te aqui um bombom".


São estas pequenas coisas que me fazem sentir a tua falta, o tempo passa e ainda me lembro do teu nariz pequeno, da maneira suave como prendes o cabelo atrás da orelha, da forma como as tuas mãos minúsculas se perdem dentro das minhas, a brincadeira de meteres os teus pés gelados nas minhas pernas só para os aqueceres.


Há resquícios teus em todo o lado: nos dias frios e chuvosos que eu adoro, mas que me fazem sempre lembrar o quanto os detestas. Resquícios... sempre que olho para o mar e me lembro das nossas manhãs de domingo na esplanada da praia. Resquícios...nos livros antigos que folheio e que me cheiram a ti, que têm as manchas das tuas lágrimas nas páginas finais, porque te doi acabar uma história e perder os heróis do romance. Resquícios... quando compro gelado de côco no supermercado e depois, ao chegar a casa, olho para ele e me lembro que não gosto. Resquícios das tuas pernas compridas sentadas ao meu lado no carro, onde eu carinhosamente depositava a minhã mão para te acariciar. Resquícios... do teu batom de morango que eu adorava roubar em forma de beijos.


Há resquícios teus quando abro a caixa do correio e no meio de tantar cartas por abrir me lembro que lá dentro já encontrei um postal inesperado "É nas pequenas coisas que demonstramos o que sentimos pelos outros. É nas pequenas coisas que as pessoas nos fazem sentir que somos amadas por elas. Desejo-te uma vida cheia de pequenas coisas". Dizia o último dos teus postais... um dos muitos dos teus resquícios...

 

Love it

por aspalavrasnuncatedirei, em 07.11.15

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Gosto, gosto muito, de dias solarengos, daqueles que abrem de par em par as janelas da nossa alma e aquecem a nossa essência, com boas energias, logo pela manhã.

 

Gosto, gosto particularmente, da minha família, que é perfeita porque tem sido construída com as imperfeições de cada um dos seus elementos, a começar por mim, e cada aresta é limada nas suas fragilidades, pelo amor que nos une.

 

 

Gosto, gosto bastante, do meu trabalho que está longe de ser o ideal, está longe de gostar de mim como gosto dele, mas é nesta aventura diária que dou sentido à minha vocação, é nele que me entrego e me cumpro como pessoa que considera sempre que se pode fazer um bocadinho mais pelo outro, porque a minha profissão vai muito para além de manuais, de conteúdos programáticos, de ministros e ministérios, o meu trabalho são os meus alunos, são os seus sorrisos, a grandiosidade das suas almas atrevidas.

 

Gosto, gosto com paixão, de praia (mais no Inverno, menos do verão) é incrível aquela sensação de paz e limpeza interior que nasce num passeio pela areia, à beira-mar, é mágica a frescura da água que nos vem beijar os pés, é pacificador receber a dádiva de amor do sol que se esconde no horizonte com a promessa de amanhã regressar.

 

Gosto, gosto com devoção, de livros: como ficar indiferente ao cheiro de páginas novinhas acabadas de folhear? Como resistir ao apelo do título, à textura da capa? Como não nos apaixonarmos pelos seus heróis e como não odiar os seus vilões?

 

Gosto, gosto com todos os meus sentidos, de música, a minha alma é uma pauta onde alguém escreveu uma melodia. Toda eu sou um banco de dados, cronologicamente ordenados, das músicas que me acompanharam ao longo desta pista de dança que se chama vida.

 

Gosto, gosto com prazer, de noites frias a comer gelado de caramelo, embrulhada numa manta, a ver um filme até adormecer antes do seu final, vencida pelo cansaço dos dias, com a cabeça no teu ombro que é a mais doce das almofadas.

 

Gosto, gosto com o coração a transbordar de alegria, de festinhas no cabelo, vindas das mãos pequenas dos meus filhos quando me enrosco no sofá que aproveitam a oportunidade para me despentear com mimo e emaranhar com ternura os seus dedos pequenos, no meu cabelo longo. Prazer supremo é ainda o teu toque, de mãos decididas e seguras, que desliza carinhosamente pelos meus fios dourados, onde em cada madeixa depositas uma dádiva de amor.

 

Gosto, com todo o meu coração, das minhas amigas. Hoje percebo perfeitamente a frase que diz «Os amigos são a família que nós escolhemos». Nem sempre as exigências desta vida louca em que vivemos nos permitem disfrutar da companhia umas das outras, mas o que importa é que nos dias em que a vida se torna mais pesada, estamos sempre lá. Não para dizer palavras doces ou mascarar a verdade, mas para dizer aquilo que cada uma de nós precisa ouvir, porque os verdadeiros amigos defendem sempre que, vale mais uma amarga verdade, do que uma doce mentira.

 

Gosto, gosto com ternura, de abraços! Aquela sensação mágica de ter alguém nos braços, como uma cidadela de afetos. Aquele momento em que os corações batem frente a frente, o rosto se encaixa no ombro, o perfume suaviza as nossas mágoas.

 

Gosto, gosto eternamente, da minha mãe e de tudo o que aprendi com ela, do brilho dos seus olhos maravilhosamente azuis, da sua capacidade única de transformar cada uma das minhas lágrimas numa centelha de esperança.

 

Gosto, gosto com todo o amor da minha alma, de duas criaturas a quem sempre chamei “Pantufinhas” porque me ensinaram o significado da expressão «amor incondicional» e porque ao olhá-los nos olhos percebo o sentido da vida que vim viver.

 

Gosto, gosto muito de me sentir abençoada, por ter a sorte de fazer esta travessia ao lado daquelas pessoas cujo abraço me liberta do cansaço, da tristeza, do peso dos dias mais difíceis. E gosto, que também elas sintam no meu abraço o porto seguro que precisam para ancorar.

 

 

Cama de Nuvens

por aspalavrasnuncatedirei, em 03.11.15

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Deitada ao teu lado nesta cama de nuvens vejo-te dormir e, sem te tocar, deslizo a ponta dos meus dedos pelo teu cabelo macio…respiras fundo como se a tua alma correspondesse a esta minha carícia.

 

Continuo a viagem através dos sentidos e desço até aos teus olhos. Tens os olhos mais lindos e mais tristes que alguma vez vi, sem me mexer, os meus lábios desprendem-se do meu corpo e depositam beijos meiguinhos nas tuas pálpebras desejando que nunca mais caiam delas nenhuma lágrima. Inspiras…como se os teus medos se libertassem do teu peito ao perceberem a paz que define o meu beijo.

 

«-Dorme meu anjo.» balbucias ensonado e colocas as mãos sobre as minhas asas para me fazeres aninhar em ti. Não querido, não sou um anjo mas se fosse desistiria da eternidade só para poder tocar a pele macia que te envolve, só para sentir o calor envolvente que emanas, só para provar a ambrósia de cada um dos teus beijos. Eu não quero nem preciso do céu porque tu és o mais perto do paraíso, que alguma vez poderei alcançar.

Faças o que fizeres, fá-lo com Amor

por aspalavrasnuncatedirei, em 02.11.15

 

Faças o que fizeres, fá-lo por amor. Esta pequena palavrinha pode ser diminuta no tamanho mas incomensurável na sua amplitude, tem um poder curativo, vai fazer-te esquecer todas as dores do passado, vai pacificar todas as mágoas cristalizadas no teu coração e vai trazer, numa nuvem de algodão doce, um novo amor, alguém que se vai encaixar na perfeição nos teus sonhos de menina e moça.

 

Mas faças o que fizeres, fá-lo por amor, lembra-te que não basta encontrá-lo é preciso cuidá-lo a cada dia, é um full time job, nunca dorme, nunca repousa, nunca descansa. Vais ter de começar logo pela manhã a enchê-lo e mimos, tens a obrigação sentimental de o fazer feliz mal acorde. Não precisas de grandes malabarismos afetivos, basta que te enrosques nele, que lhe mordisques o lóbulo da orelha e que lhe segredes baixinho, com voz marota ao ouvido, o quanto o amas.

 

Faças o que fizeres, sente-o com amor, quando a meio da agitação do seu dia, lhe enviares uma mensagem, não te entregues ao trivial, ao rotineiro, surpreende-o pela magia da escrita, pelo atrevimento do beijo, pela volúpia das saudades.

 

Faças o que fizeres, alimenta-lhe os sentidos e cozinha para ele com amor, não tens de passar horas a confecionar pratos gourmet mas tens de ser a Masterchef do seu coração. Tens de lavar cada ingrediente com toda a dedicação, tens de preparar os alimentos com todo o teu carinho, regá-los com o melhor dos vinhos, colocar cada um deles com candura na panela. No final, acende e fogo da paixão e certifica-te que jamais estará em banho-maria.

 

Faças o que fizeres, nunca vás para a cama com o espírito de fim de dia porque o dia começa ali, a vida começa naqueles lençóis, é em cada beijo que renasces, é em cada carícia que te renovas, é no amor que fazes que te entregas para receber mais amor.

 

Faças o que fizeres…sê feliz porque somos seres abençoados e quanto mais amor damos, mais recebemos.

De corpo, alma e sentidos

por aspalavrasnuncatedirei, em 01.11.15

 

Sou tua… de corpo… alma… e sentidos… sussurro baixinho ao teu ouvido a frase repetida que te embala os sonhos enquanto dormes tranquilo ao meu lado. Os meus lábios deslizam lentamente sobre o teu rosto quente e macio, sinto o perfume doce e amadeirado da tua pele e mergulho nos teus braços para poder adormecer também.

 

Sou tua…de corpo… o meu corpo… cada centímetro de minha pele fria só que só aquece quando o teu olhar penetrante me envolve numa suave carícia e o desperta mesmo sem lhe tocar. E quando o toca, quando as tuas mãos meigas e decididas me abraçam, derreto-me de amor e fundo-me em ti.

 

Sou tua…de alma… esta alma antiga que insiste em viajar pelo véu dos tempos para te encontrar, para viver vida após vida na tua companhia. A minha alma que se purifica a cada dia só para ser merecedora do teu amor, esta alma que se desnuda do medo só para se tornar forte e lutar por ti, esta alma que só brilha porque encontra o amor no reflexo de quem és.

 

Sou tua…de sentidos…os meus cinco sentidos em ti. A visão existe para que te possa conhecer, para que os meus olhos escuros se percam na imensidão do mar dos teus. O olfato, este meu nariz pequeno que só reage ao teu aroma que conheço de cor. Podem vendar-me os olhos, colocar-me no meio de milhares de pessoas e eu conseguiria encontrar-te pelo perfume que emanas, porque és tu em forma de uma delicada fragrância, que o meu corpo (re)conhece como sendo tão teu. O paladar… o gosto dos teus beijos doces e decididos que me despertam para a viagem dos afetos. O tato… os meus dedos pequeninos que te percorrem timidamente a pele macia, os meus braços que te envolvem num abraço interminável e te pedem que não me deixes partir, o meu corpo que se encaixa no teu como uma peça de um puzzle que há muito faltava concluir por não encontrar a peça certa que o completasse e desse sentido.

 

Sou tua… de corpo, alma e sentidos… e sou feliz assim.

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