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aspalavrasnuncatedirei

Há palavras que nunca chegam ao destino...fazem uma longa e amarga travessia pela solidão dos sentidos e morrem na escrita destas crónicas.

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Há palavras que nunca chegam ao destino...fazem uma longa e amarga travessia pela solidão dos sentidos e morrem na escrita destas crónicas.

Os meus pais estão separados, mas não de mim

por aspalavrasnuncatedirei, em 28.01.08

 

 

Descobri um livro fantástico de Inês Borges Taveira, Os meus pais estão separados mas não de mim, que me tem ajudado a abordar a temática do divórcio com os pantufinhas, assim como me tem ajudado a explicar as transformações familiares, sociais, domésticas e financeiras através de um vocabulário acessível e umas ilustrações muito bonitas a cargo de Fernanda Fragateiro. Curiosamente não são apenas as crianças que aprendem com a história do Sebastião, também são dadas aos pais, dicas para melhor lidar com esta situação. Deixo-vos a sinopse:
 
«A separação de um casal implica, geralmente, várias mudanças e decisões, numa altura em que a maior parte das pessoas se sente emocionalmente frágil. Se a família também inclui crianças, estas têm as suas próprias necessidades inadiáveis. Por vezes, penso que os pais se devem sentir como malabaristas, com imensas bolas no ar, a tentar não deixar cair nenhuma, embora lhes apeteça, em certas alturas, baixar os braços. De resto, ninguém nos ensinou as regras do divórcio – como ser pai e mãe, sem ser marido e mulher.

Escrevi este livro a pensar nestes pais corajosos que, não obstante a tempestade de mudança e emoção que os envolve, querem construir com os filhos uma nova forma de estar em família. Nem sempre é fácil, aos pais e aos filhos, falar do que lhes está a acontecer – têm medo de se magoar ou de ferirem o outro. Mas o silêncio, cheio de perguntas não respondidas, angústias não partilhadas e medos não acalmados, deixa-nos sós, a desbravar um caminho que, percorrido em conjunto, se torna mais fácil. (...)»

Na Corda Bamba

por aspalavrasnuncatedirei, em 19.01.08

 

Imagem Retirada da Internet

 

De manhã, coloco os pés no chão e percebo que o meu solo já não é alcatifado, sei que já não é composto por relva macia e que ali já não dorme um tapete confortável. E reconheço...não há ninguém para me dar a mão e fazer saltar da cama, não há ninguém para me ajudar a andar. Olho para o dia que se desenha à minha frente e vejo-o como uma oportunidade única. É uma dádiva da vida que me ensina a reaprender a caminhar sozinha. Assim que os meus pés tocam a aspereza da terra, consciencializo-me que tenho mais um percursso de travessia pelo deserto, mais um dia de boderline. Começo por respirar fundo e tentar encher cada célula de luz, cada poro de vida. Lentamente os meus pés, descalços e nus, sentem a instabilidade da corda bamba, sentem os picos do arame farpado a entranharem-se na minha carne ainda tenra. Pé ante pé, sigo em frente, com a cabeça erguida, olhos postos na linha do horizonte, fé consentida num nascer do sol cheio de possibilidades novas por explorar. Nunca olho para trás (de que adianta recordar as cordas percorridas?) nunca olho para baixo (de que adianta a certeza que estou a 200 metros do solo sem rede de segurança?). Em cada posição do pé, surge uma nova realidade, uma nova aventura. É a Odisseia de Homero, onde eu, Ulisses na versão feminina, combato o Ciclope Polifemo das contas para pagar, combato um exército de birras, aprendo a lidar com olhares acusadores, enfrento tempestades de queixumes de quem nada sabe, de quem nada sente. E a travessia continua… enquanto os meus pés deslizam, sangrando e frágeis, cruzo-me com outras pessoas, itinerantes também nas suas cordas. Leio nos olhos o sofrimento de uns, que tentam desesperadamente manter o equilíbrio, leio nos lábios o sorriso de outros, que lutam estoicamente para manter as aparências… olho para mim e vejo que trago nos braços duas pedras preciosas, que antiteticamente tornam o percurso mais leve, mais suave, mais bonito. O dia termina… deixo os pés repousar... Observo o meu corpo e faço o balanço: calcanhares em chagas, braços sem força, o corpo sovado pelo cansaço, o olhar sem brilho… mas a paz no coração de neste pôr do sol ter feito o meu caminho sozinha, ter conseguido chegar à outra margem, com a certeza de um dever cumprido, sem ter perdido o equilíbrio, sem ter caído, sem ter perdido o fio que me liga à vida.


Eu Quero O Meu Pai

por aspalavrasnuncatedirei, em 13.01.08

 

 

Imagem Retirada da Internet

 

«- Eu quero o meu pai.» dizes tu entre lágrimas e soluços, entre mágoas e birras, entre o papel de vítima e o de agressor. Desconheces o poder destrutivo que essa frase tem sobre mim… Quando a dizes, sinto todo o meu mundo ruir, sinto as pedras do castelo altaneiro que edifiquei, implodir sem aviso prévio. Sinto debaixo dos meus pés um buraco enorme que me traga de um só sorvo, sinto que o Sol explodiu e que apenas me rodeia a mais negra escuridão. «- Eu quero o meu pai!» amuas tu sempre que te lembro que não são as moedas do Monopólio que pagam as despesas aqui de casa, que só nos filmes da Disney os heróis não se magoam quando correm e saltam heroicamente, quando te lembro que a Escola é importante na nossa vida. Na tua porque aprendes a socializar-te, aprendes a comunicar com os outros, a conhecer as suas realidades, estás integrado num Universo onde só brincam os meninos como tu, onde os príncipes e dragões ganham existência real, onde o pátio do recreio ganha a dimensão de um estádio de futebol, onde entre ganchos e saias de folhos conheces novas namoradas. Para mim porque é onde me realizo numa outra faceta que está para além de ti, do que representas, e porque é a única forma de ser independente e de te poder proporcionar aquilo que acho importante para ti. «- Eu quero o meu pai.» choramingas quando te recordo que é preciso tomar banho e lavar os dentes todos os dias, quando insisto que os talheres são para serem utilizados, quando te lembro que é na brancura das folhas que se fazem desenhos, que não podes comer gomas e chocolates sempre que te apetece e que para cresceres precisas de muito mais do que canja. «- Eu quero o meu pai… mas eu amo-te mamã, quero estar sempre contigo e és a minha namorada.» E as lágrimas deslizam tristes pela minha cara abaixo…

Como Se Eu Fosse...

por aspalavrasnuncatedirei, em 05.01.08

 

Imagem Retirada da Internet

 

 Aproxima-te… lentamente…com serenidade... como se eu fosse o trajecto que timidamente vens percorrer e o destino que vens conquistar. Fica perto… o suficiente para te ouvir respirar, para sentir o teu coração bater, para absorver o calor que se te evapora da pele. Contempla-me… como se eu fosse uma peça rara de fino cristal, um quadro valioso de um pintor famoso, uma gota de orvalho, singela, sobre o corpo aveludado de uma rosa. Sente-me... como se eu fosse um farrapo delicado de nuvem que esvoaça pelas janelas da tua vida. Toca-me... com delicadeza… como se eu fosse um pássaro acabado de nascer e desliza... desde a ponta dos dedos, passa pelas minhas mãos e vai subindo pela minha pele trémula e macia. Repousa o teu toque no meu rosto e segura-o… como se fosse o teu bem mais precioso. Deixa que a tua boca descubra o mel da minha boca e que os nossos lábios se unam num momento mágico de prazer. Permite ao teu nariz deslizar sobre as curvas do meu pescoço alvo e inalar da minha pele o meu aroma quente de mulher, o meu perfume fresco de menina. Desnuda o meu corpo frágil e liberta-me de tecidos e pudores e deita-me numa cama feita de amor, com edredons de penas feitos de desejo, lençóis bordados de carinho, almofadas engomadas de mimos.  Prepara-me um leito onde me sinta protegida, onde me aninhe em ti e me possa perder para me encontar. Solta a tua voz em doces ecos ao meu ouvido, faz-me crer que sou única, que sou diferente, que sou especial. Não prometas nada que não possas cumprir, não jures nada que não sintas, não queiras nada que não possas ter… não ofereças nada que não tenhas...


 

 

2008 - Um Revolução na Alma

por aspalavrasnuncatedirei, em 01.01.08

 

O ano de 2007 já fez as malas para ir embora, com ele levou sorrisos, lágrimas, pessoas que partiram, pessoas que chegaram, nascimentos, mortes...  o 2008 acabou de sair do ventre Materno, que é como quem diz, do ventre da Vida de cada um de nós, prontinho para nos dar 366 dias cheios de novas oportunidades para alcançar a felicidade. Foi isso que viemos cá fazer, é para isso que aqui estamos: para sermos Felizes. Que 2008 seja o vosso ano. Deixo-vos um presente de Aristóteles.
 

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