Fala-me de Amor. Lembra-me a razão pela qual um dia te apaixonaste por mim. Sussurra-me ao ouvido como eu era quando me conheceste. Lembra-me tudo aquilo que fui. Lembra-me tudo aquilo que fomos. Diz-me que gostavas de voltar a acariciar o meu cabelo suave, comprido, e que ainda recordas a forma como o afasto dos olhos e o prendo atrás da orelha. Fala-me de amor… e afirma que tens saudades da minha pele macia, e que ainda desejas o meu corpo branco como uma montanha nevada, recorda-me que adoras a forma como dobro o riso. Diz-me ainda, que não te esqueceste do doce aroma da minha boca, do meu hálito a chocolate, e que querias voltar a beber dos meus lábios o mais adocicado dos licores. Fala-me de amor… e diz-me que sentes falta do meu corpo, que ele é um templo onde comungam o sagrado e o profano e que só nele encontras a paz que precisas e o inferno que desejas.
Texto Inspirado em Santos e Pecadores – “Fala-me de Amor”
Ontem uma colega na Escola contou-me que ela e o namorado estão a viver um momento conturbado da relação entre eles porque a cara-metade não aceita as filhas dela. (O meu cordão umbilical começou logo às voltas). Explicou-me que a relação deles começou muito bem, que num dado momento, eles até pensaram em viver juntos, mas ela, por causa das filhotas, achou melhor ir com calma. Parece que o cavalheiro trabalha muito, faz turnos e incomoda-o quando as crianças brincam e soltam gargalhadas lá em casa. Além disso, ele gosta de passear com ela sem ter que levar «penduras» atrás, a fazer barulho, a pôr os pés em cima dos estofos de pele do seu jipe. Gosta de fazer amor sem ser interrompido, gosta de jantar sem se sujar. Diz ainda, que está habituado ao seu espaço, aos seus silêncios, que tem a vida organizada.... e que as terroristas dela, aos pulos o dia inteiro à volta dele, não fazem bem à relação dos dois. (O meu cordão umbilical já dava nós). A minha colega está triste e eu solidarizei-me com ela. Como não gosto de falar mal de ninguém, e não gosto de julgar, achei que não o deveria atacar. Mas não pude deixar de pensar que ele não a ama, porque quando amamos aceitamos tudo o que vem dessa pessoa, os seus defeitos, as suas qualidades e, se os houver, os seus filhos. Tive vontade de lhe dizer «Ó minha parva e tu estás triste por causa de um Homem que diz que gosta de ti, mas quer um relacionamento «eu-aqui»; tu-ali», «nós-de-vez-em-quando» e as «tuas filhas-bem-longe?» Depois, tentei colocar-me na pele dele. O que pensaria eu se usasse calças? Sim porque eu acho que, alguns, homens pensam com as calças (perdoem-me o desabafo). Acho que sou uma pessoa sensata e percebi que o namorado da minha amiga, apesar de o achar um grande egoísta, tem todo o direito a tirar a máscara e mostrar-se como realmente é. Tem ainda o direito de querer estar disponível para amar uma mulher sem «apêndices», sem responsabilidades, com disponibilidade, e vontade de lhe satisfazer as necessidades e caprichos. E bem vistas as coisas, ele foi honesto com ela, afinal, não é obrigado a educar as filhas que não são dele. A minha sensatez diz-me ainda que a minha colega, que é um doce de pessoa, tem todo o direito a ser amada na íntegra. Um filho é gerado em nós, nasce-nos do corpo, é uma extensão do nosso próprio corpo. Quem amar uma mulher, como a minha amiga, ou como muitas outras mulheres divorciadas, tem que as amar inteiras: cabeça, tronco, membros, e a melhor parte... os filhos.