Posologia dos Homens
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Às vezes, sinto que gostavas de apagar, para sempre, todos os traços do meu passado como se nunca tivessem existido, da mesma forma que me pedes para guardar debaixo do forro de papel da gaveta, as fotografias das mulheres que conheci. Sei que o meu passado te pesa cada vez que o presente o resgata, em telefonemas rápidos e cordiais que vou recebendo de outras mulheres que já passaram pela minha vida e com quem criei esse laço raro e difícil que sucede à desordem do amor quando este se extingue depois da dor e o segredo da pele já se esgotou. Em vão te explico que essas mulheres passaram com a leveza de uma pena ou a intensidade de uma tempestade. Nunca as vejo, mas também não preciso, primeiro porque a minha vida és tu, e por isso não fazem parte dela e depois porque em todas elas descobri coisas de que não gostava e foi isso que me ajudou a amar-te melhor.
Mas vocês não percebem isto nos homens; chamam-nos predadores, animais, insensíveis, como se não tivéssemos honra nem princípios nem coração. Nenhum homem quer magoar uma mulher, olhamo-vos com um misto de medo, admiração e incompreensão e se pudéssemos, construíamos um pedestal e uma escada para vocês subirem, mesmo que seja por escassas semanas. O que damos é o que temos de melhor, sem pensar porquê, nem como, nem até quando.
Mas vocês não, têm sempre que questionar tudo, inventar segredos e intenções em cada movimento que fazemos.
O que conta é o que vivo contigo, aqui e agora, que a pureza de sentir é não ter que pensar que amanhã ficarei triste se partires, e feliz se ainda me quiseres guardar, por isso, esquece o passado e não temas o futuro, porque tudo e nada está nas nossas mãos e é por isso que para nós o amor é uma coisa fácil, simples e transparente. Ou se ama, ou não se ama, e se eu sinto que te amo, sem ter de pensar se é verdade ou não, é porque deve mesmo ser, não achas?
Artista de Circo, Margarida Rebelo Pinto
Justo Onírico Ãmoroso Orgulhoso
&
Pestinha Enérgico Diabrete Rezingão Obtuso
Imagem: Lissa Hatcher
Nunca vemos o amor chegar; só o vemos a ir-se embora. Estou numa estação de comboios, sentada num banco de pau, completamente só. Perdi o teu comboio e não quero apanhar nenhum outro. Está frio. Um vento seco e cortante faz com que me encolha como um bicho da conta. Já não sonho, já não há dádiva, os dias voltaram a ser cinzentos e tristes. Agora são todos iguais, sempre iguais. Trabalho, respiro, durmo e como o melhor que posso e sei, e tento esquecer-te. Deixei de falar de ti e de dizer o teu nome, deixei de o desenhar no espelho da casa de banho, quando o vapor inunda todas as superfícies. Em vez disso, tenho o coração embaciado de dúvidas e o olhar desfocado pelo absurdo do teu silêncio continuado, o olhar de quem aprende a adaptar-se a uma luz desconhecida, a uma nova realidade.
Respeito o teu silêncio porque ainda me sobra uma ponta de orgulho, porque sempre te disse que uma força imensa me empurrava para ti – I will always run to you but never after you, lembras-te?
Por isso, e porque sei que não queremos guardar mágoa um do outro, tento esquecer-te devagar, sem te odiar, porque o ódio também é uma forma desesperada de amar ainda e sempre aqueles que já não podemos ter ao nosso lado.
Diário da Tua Ausência, Margarida Rebelo Pinto
Não me peças palavras, nem baladas, Nem expressões, nem alma... Abre-me o seio, Deixa cair as pálpebras pesadas, E entre os seios me apertes sem receio. Na tua boca sob a minha, ao meio, Nossas línguas se busquem, desvairadas... E que meus flancos nus vibrem no enleio Das tuas pernas ágeis e delgadas. E em duas bocas uma língua..., - unidos, Nós trocaremos beijos e gemidos, Sentindo o nosso sangue misturar-se. Depois... - abre os teus olhos, minha amada! Enterra-os bem nos meus, não digas nada... Deixa a vida exprimir-se sem disfarce! José Régio |
Gosto muito de Cinema e tenho uma lista interminável de filmes que, por uma razão, ou por outra me marcaram, e que consigo ver e rever, sempre que a nostalgia aperta.
Há um filme que se encontra no Top Ten das minhas preferências. Nunca foi nomeado para um Óscar, não é muito conhecido mas tem um argumento com uma mensagem fabulosa.
Instantes Decisivos, ou no título original Sliding Doors, realizado por Peter Howitt, de uma forma deliciosa responde à questão «Será que o Amor apresenta uma margem de erro?» A bela Helen, protagonizada por Gwyneth Paltrow, irá tentar descobri-lo.
Helen parece ter aquilo a que se chama uma ’vida organizada’. Tem um trabalho que realiza e partilha a sua vida com Gerry (John Linch), um aspirante a romancista, que preguiça muito e trabalha pouco.
Mas um dia o seu ‘castelo de cartas’ desmorona quando é inadvertidamente despedida e regressa a casa mais cedo do que é habitual, nesta altura, tudo toma um rumo inesperado. Ou melhor dizendo, dois rumos inesperados...
A caminho de casa, Helen perde o Metropolitano, e esta cena do filme é simplesmente fantástica. Ao descer as escadas a correr a personagem ‘tropeça’ numa pessoa, e aquela oscilação do «Passas Tu ou Passo Eu», faz com que num dos casos perca o transporte e no outro, ainda o consiga apanhar.
A partir deste momento assistimos a dois destinos que se conjugam em paralelo, rapidamente nos apercebemos que o realizador nos apresenta duas histórias que seguem lado a lado, a partir do incidente do metro.
Numa das histórias, quando Helen chega a casa, encontra Gerry no chuveiro, preparando-se para começar a sua tarde de pseudo-trabalho. Mas, e se Helen tivesse apanhado o Metropolitano? Então, ter-se-ia sentado ao lado de um estranho encantador, James (John Hannah), que ficaria no seu pensamento. Teria também chegado a casa mesmo a tempo de encontrar Gerry na cama com a antiga namorada, Lydia (Jeanne Tripplehorn), e aqui começa a segunda história.
Instantes Decisivos, uma história de uma mulher como todas nós que se confronta com a eterna questão: «E se...?» E são os «Ses» que às vezes tornam a nossa existência tão difícil.
Era fantástico que nos momentos difíceis da nossa vida, naqueles onde nos deparamos com encruzilhadas, Deus colocasse ao nosso dispor uma tela onde pudéssemos assistir ao “filme das nossas vidas” e aos destinos diferentes que as nossas escolhas acarretam. Desta forma saberíamos sempre o que é certo e errado e decidiríamos sempre, de forma a nunca nos arrependermos.
No entanto, sou obrigada a concordar que ainda bem que não temos acesso a essa tela, porque isso abortaria por completo o prazer da vida, impedir-nos-ia de crescer enquanto seres espirituais e de aprender com os erros cometidos e as experiências vividas.
Adoro este poema de Victor Hugo. E uma vez que hoje se comemora o Dia Internacional da Mulher, achei que fazia todo o sentido editá-lo. É sublime a forma com ele apresenta as diferentes características dos Homens e das Mulheres, apresentando uma visão poética daquilo que cada um deles tem de melhor.
Não entra na chamada «Guerra dos Sexos», não defende a supremacia de um em detrimento do outro, não faz a apologia do ser melhor, ou mais importante.
A leitura que faço do texto em questão é que os Homens são mais racionais, mais lógicos, mais matemáticos, enquanto que as Mulheres mais sensíveis, mais humanas, mais metafóricas.
No entanto, considero que este poema é um hino às Mulheres, como seres especiais e encantadores que somos :o))
Homens: Tratem-nos bem!!!
Homem é a mais elevada das criaturas, A mulher o mais sublime dos ideais, Deus fez para o homem um trono, para a mulher, um altar. O trono exalta, o altar santifica. O homem é o cérebro, a mulher o coração. O cérebro fabrica luz, o coração produz o Amor. A luz fecunda, o Amor ressuscita. O homem é forte pela razão, a mulher é invencível pelas lágrimas. A razão convence, as lágrimas comovem. O homem é capaz de todos os heroísmos; A mulher é capaz de todos os martírios. O heroísmo enobrece, o martírio sublima. O homem tem a supremacia, a mulher a preferência. A supremacia significa a forca, a preferência representa o direito. O homem é um génio, a mulher um anjo. O génio é imensurável, o anjo é indefinível. A aspiração do homem é a suprema gloria. A aspiração da mulher é a virtude extrema. A glória tudo engrandece, a virtude tudo diviniza. O homem é um código, a mulher, um evangelho O código corrige, o evangelho aperfeiçoa. O homem pensa, a mulher sonha. Pensar é ter no crânio uma larva Sonhar é ter na fronte uma auréola. O homem é um oceano, a mulher é um lago. O oceano tem dominar a pérola que adorna, o lago, a poesia que deslumbra. O homem é a águia que voa, a mulher o rouxinol que canta. Voar é o espaço, cantar e conquistar a alma. O homem é um templo, a mulher o sacrário. Ante o templo nós descobrimos, ante o sacrário nós ajoelhamos. Enfim, o homem está colocado onde termina a Terra. A mulher onde começa o Céu. Victor Hugo |
Não te amo mais.
Estarei a mentir ao dizer que,
Ainda te quero como sempre quis.
Tenho certeza que
Nada foi em vão.
Sinto dentro de mim que
Tu não significas nada.
Não poderei dizer jamais:
«-Alimento um grande amor».
Sinto cada vez mais que
Já te esqueci!
E jamais usarei a frase
Eu Amo-te!
Sinto muito… mas tenho que dizer a verdade.
É tarde demais!
OBS: Agora lê os versos de baixo para cima.
Imagem Retirada da Internet
Às vezes vivem-se paixões tão intensas que as pessoas acham que não são nada uma sem a outra. Há aqueles casalinhos que não se largam, que não fazem nada, não ser juntos, e todos acham isso estupendo. Tal situação é vista como uma conquista afectiva e não como uma dependência emocional. É claro que estou a falar no exagero, na extrapolação, porque acho muito bem desde que se respeite a individualidade do outro.
Voltando ao casal que não se larga, eles não deixam lugar para a sua própria pessoa. A alma não se expande. Devido a esta redução do Eu, é notória a colocação de demasiadas expectativas na outra pessoa, no sentido de esta lhe devolver o Eu perdido. Assim passam a sentir-se no direito exigir uma recompensa para a sua própria satisfação.
O Eu cria assim expectativas. O Outro, naturalmente, não dá resposta a esse excesso de expectativas projectadas nele.
A pessoa desilude-se… e começam as exigências.
O pensamento inconsciente é: “Se Eu deixei de viver, de me cumprir, para me fundir contigo, para sermos a comunhão de um só ser, naturalmente vou precisar de algumas coisas, que aprecio em ti e que me completam. Entretanto quando as vou buscar a ti (esperando que me faças uma determinada coisa, por exemplo) não está lá aquilo que procuro. Fico zangado. Não acho correcto, se eu te dou, também tinhas de me dar”.
Curiosamente, o casal que antes não se largava, agora já não está junto…
Quantos relacionamentos conhecemos assim? Quantos casais, não sentindo paixão nem amor, nem qualquer outra razão permanecem juntos? Como não se amam loucamente, não se misturam, não se dão, não se colam. Ao não se colar, não reduzem o seu Eu. E como não reduzem o Eu não têm expectativas em relação ao outro.
O ideal é, duas pessoas, na plena consciência de quem são e do que querem, apaixonarem-se loucamente. Para produzirem energia pura, resultante do cruzamento das suas próprias energias. Quando estão juntas, é tudo muito intenso, mas quando se separam, cada uma tem tempo para si, para as suas coisas, para os seus próprios sonhos. Depois quando se reencontram, trazem todo um universo individual para acrescentar à relação.
A dor é inevitável. Mas o sofrimento é opcional....
Carlos Drummond Andrade