Adoro Praias... quanto mais longinquas, mais isoladas, mais naturais, melhor.
Naqueles dias negros em que me apeteci subir à mais alta montanha e GRITAR, imagino-me num local como este, só meu, sem ninguém. Uma praia esquecida no tempo e no espaço onde cada onda leve as minhas lágrimas, mais salgadas que o próprio mar. Onde cada grão de areia me avive todas as memórias, onde o sol energize a minha alma, me liberte e me faça voar.
Fecho os olhos...mergulho na imensidão do mar, deixo que a água purifique todo o meu corpo e todo o meu ser, peço às sereias e todos os deuses do mar para que me libertem de todo a mal estar, de todas as minhas tristezas e me façam esquecer... porque só assim eu poderei renascer...
Recordo o meu Camões, que tão bem soube expressar o que me vai na alma:
Qualquer dia reformo-me... fujo da confusão da cidade e vou viver para o fim do mundo. Compro uma casinha velha, em pedra, pronta para ser recuperada e transformo-a na casa dos meus sonhos.
Deito fora todas as convenções e transformo-me numa alma nova.
Livro-me da máquina de lavar a roupa e passo a lavá-la no tanque.
Deito fora a roupa fashion e só visto aventais e calço chinelos.
Não volto à cabeleireira e só uso lenços pretos na cabeça.
Deito fora o telemóvel e grito para as vizinhas «Ó comadre, tem aí um limãozinho???»
Livro-me do meu carro e viajo sempre de mula.
Esqueço-me de ti e apaixono-me por um pastor de cajado na mão, unhas negras da terra e cheiro a estrume de vaca.
Mergulho num lago particular e baptizo o meu novo Eu.
Não liguem aos meus devaneios... eu era lá capaz de andar de lenço na cabeça :o))
Só chatices, uma atrás das outras: Chuva torrencial, filhos pequenos chatos, um deles doente, passei uma boa parte da noite no hospital, mas isso não o impede de fazer birras. O outro menos doente mas com birras maiores ainda.
Quanto mais atrasada estou mais eles se esmeram em «pastelar» e o resultado não podia ser pior: uma meia de cada cor, os cereais entornados em cima da roupa acabadinha de vestir, o copo de lavar os dentes partido, que se juntam aos inúmeros «Ó mãe, o mano bateu-me»
Valha-me Nossa Senhora da Paciência!!! Desabafo eu tentando manter a calma e evitar ao maximo a palmadinha pedagógica (mas eles bem que a mereciam...)
Saio para rua com 2 crianças pequenas, 2 mochilas, uma pasta da escola, um chapéu de chuva. Entre os pingos ouvem-se os meus ralhetes «Tira os pés das poças», veste o casaco, levanta o chapéu, não molhes o teu irmão...»
E agora??? Onde é que está o carro? Encontro-o finalmente mais longe do que o suponha, e sou presenteada com um segundo banho que um condutor armado em Shumaker (não sei se é assim que se escreve) me dá, no seu BMW a 200Km/h numa estrada onde até há escolas. Mas claro, ele tem um BM, e como tal... é o dono da rua e arredores.
Quando ligo o rádio oiço a voz de Luka com o tema «Tou nem aí» e o meu mau humor muda! Levanto o som do rádio, começo a cantarolar e penso «Que se lixe» Hoje está a chover mas amanhã brilhará para mim um magnífico dia de sol!
De mãos atadas, De pes descalços, Com você meu mundo andava de pernas pro ar! Sempre armada, Segui seus passos, Atei seus braços pra você nao me abandonar.
Ja nem lembro seu nome, Seu telefone eu fiz questão de apagar! Acertei os meus erros, Mirrei, Inventei e virei a pagina. Agora eu tou em outra...
Tou nem ai Tou nem ai Pode ficar com seu "um dia", eu nao tou nem ai Tou nem ai Tou nem ai Não vem falar dos seus problemas que eu não vou ouvir!
Boca fechada, Sem embaraços, Eu te dei todas as chances de ser um bom rapaz! Mas fui vencida pelo cansaço, Nosso amor foi enterrado e descansa em paz!
Se me pedissem para escolher um livro, e apenas um, para me acompanhar como Bíblia dos meus dias, provavelmente escolheria O Alquimista de Paulo Coelho. Escolhê-lo-ia pela singularidade da narrativa, pelos princípios espirituais que defende, pela magia da história, pelo muito que me ensinou, e ensina a cada leitura que faço.
O excerto que se segue intitula-se por «Lenda Pessoal» que no fundo não é mais do que aquilo que designamos por sonho, objectivo de vida. É o nosso Santo Graal, aquilo que procuramos alcançar nesta caminhada, e o autor relembra-nos constantemente, através de Santiago, a importância de nos mantermos fiéis a essa demanda.
É aquilo que sempre se desejou fazer. Todas as pessoas, no começo da juventude, sabem qual é a sua Lenda Pessoal. À medida que o tempo vai passando, uma misteriosa força começa a tentar provar que é impossível realizá-la. São forças ruins, mas na verdade estão a ensinar-nos, porque existe uma grande verdade neste planeta: seja quem for ou que o que faça, quando se quer com vontade alguma coisa, é porque esse desejo nasceu da Alma do Universo. É a sua missão na Terra.
Cumprir a sua Lenda Pessoal é a única obrigação dos Homens. E quando alguém quer muito uma coisa, todo o Universo conspira para que se realize esse seu desejo.
Há muitos séculos viveu uma rapariga que dizia que gostava de alguém. Esse alguém era um nobre cavaleiro afortunado, que tudo largou para ir ter com ela. E a história repete-se vezes sem conta. Passado um tempo, nada cumpre do prometido, nada vale o que se largou.
Nunca deixes alguém largar tudo por ti, nunca largues nada por alguém. Não há nada nem ninguém que valha a nossa vida e as escolhas que fazemos para nós próprios.
Todo e qualquer amor tem de ser doce, lento e promover o encanto. Quando a violência, o arrebatamento, a velocidade tomam conta, criam uma situação anormal que irá, cedo ou tarde, causar crispações, estalar, soltar fagulhas e, invariavelmente, magoar alguém.
E como não magoar as pesoas?
O amor é calmo, a paixão arrebatadora. Pacificando o coração, vendo se o que se quer não é uma ilusão, se é mesmo verdade. Dando tempo. O tempo é uma grande aliado.
Conheci muitas crianças feitas no desespero de uma reconciliação. Concebidas in memoriam da felicidade de outrora: Outras marcaram o auge exacto da paixão – o momento do esplendor antes da morte. Todos os filhos nascem póstumos de um amor que já não flutua no ar que respiram.