Finalistas
As lágrimas escorrem teimosas, não as consigo parar, não sei como as deter… Invade-me uma sensação de tristeza que não consigo controlar. Os Pantufinhas hoje tiveram a festa de finalistas… o mais velho termina o primeiro ciclo, o mais novo, vai ingressar nele. No meio de tanta gente… sinto uma profunda solidão e um medo terrível do futuro. Medo que a vida lhes seja madrasta, medo de que tudo o que eu ensinei, valha pouco, medo das companhias, dos desafios, dos obstáculos. Meu Deus, como é que estes anos passaram tão depressa? Há tão pouco tempo, naquele mesmo espaço, cantavam-se músicas de Natal, o Pantufinha, no palco, chorava intimidado e só acalmou quando chegou ao colo dos pais. Agora, de novo no palco, capa de finalista aos ombros, sorriso de felicidade, olhares cúmplices com os amigos e uma expressão terna quando me olha, que me comove. E o outro Pantufinha? Aquele a quem ainda chamo «-O meu bebé» e que me responde convicto «-Ó mãe, eu já sou crescido!» Queria tanto fazer o tempo voltar para trás… rodar os ponteiros e tê-los de novo nos meus braços… Sinto uma nova machadada no cordão umbilical, que sangra de dor ao assistir a mais um passo, numa direcção que não me pertence. Dói ver os filhos crescer… dói… dói… dói… num mundo assustador como aquele em que vivemos e para o qual eles não estão preparados, nem nós…