Preguiça...
Imagem Retirada da Internet
Acordei tarde e cheia de preguiça depois de uma noite em branco a preparar as reuniões. Decidi que hoje vou tirar o dia para mim, não quero sair para tomar café, não quero o peixe assado da mamã, não quero ouvir o telefone, não quero saber de e-mails e o resto trabalho também pode esperar. Tomei um banho de imersão quentinho (meu Deus, há quantos anos não o fazia?) e voltei a vestir o pijama (adoro estar de pijama). Fui buscar a mantinha do mimo (aquela que já conhece de cor os filmes que eu e os pantufinhas vemos debaixo dela) e enrosquei-me num chá e num livro. Olho para a capa (presente de Natal à espera das férias do Verão) e penso que o meu tempo anda a ser mal gerido, faltam-me instantes para ler, para escrever, para viver… estou demasiado focada no trabalho. Olhei à minha volta, apreciei o silêncio (ainda me dói o silêncio), os brinquedos nas prateleiras, as sapatilhas no móvel, o chão imaculado sem vestígios de migalhas de bolachas, enfim:toda a casa tristemente arrumada. Há dias em que as lágrimas teimosas insistem em preencher o vazio que ficou, há dias em que estas paredes me sufocam de tão grandes que são, e há dias (como hoje) em que a alma e deixa iludir pela doce ilusão que tenho de aproveitar o tempo para fazer uma limpeza às gavetas e armários da minha vida. As horas preguiçam ao meu lado no sofá, o chá arrefece na caneca do Fernando Pessoa e o Caetano Veloso traz a viola, senta-se nas almofadas e canta só para mim – “às vezes no silêncio da noite… eu fico imaginando nós dois… eu fico ali sonhando acordado… juntando o antes, o agora e o depois…”.