A Dona da História
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Este fim-de-semana desloquei-me ao teatro Villaret para assistir à peça A Dona da História. Devo confessar que há muito tempo que não tinha uma noite tão agradável, que não via uma peça tão boa, que não via a minha vida a dramatizar em cima de um palco. A representação esteve sublimemente interpretada pela Joana Solnado e Manuela Couto, que nos contagiam com o brilho dos seus olhos, com o poder da linguagem gestual, com o dom da palavra. A Dona da História coloca em discurso directo duas fases de uma mesma mulher, uma aos 20 e outra aos 50 anos, com todas as suas inquietações, receios, devaneios e aspirações. Em cena, não é somente o passado e o presente de cada um dos lados do espelho, em discurso há todo um universo feminino com que todas as meninas sonham, que passa pelo encontro com o Príncipe Encantado, as aspirações profissionais que depois a mulher mais velha comenta numa fantástica ironia e num diálogo delicioso. Desfila perante nós, uma plateia completamente arrebatada à peça, o desgaste do casamento, naqueles pequenos nadas que conseguem acabar com um grande amor. Colocam-nos a cada momento as perguntas iniciadas por “Se…” que todas nós nos colocamos nos momentos chave da nossa vida: se vale a pena viver um grande amor, para mais tarde nos desiludirmos com ele, se vale a pena irmos ao baile, sermos pedidas em casamento, para depois sermos apelidadas de «devoradoras de pescoços de galinha», se vale a pena telefonar àquela amiga, que nos vai roubar o namorado… A peça também nos faz pensar sobre a eterna dúvida que nos atormenta a existência “O que é que teria acontecido se…”. O facto de a rapariga de 20 anos saber sempre quais as consequências dos seus actos (porque a mulher de 50 comenta) leva-a a tentar mudar o rumo dos acontecimentos na tentativa sonhadora/desesperada de ser feliz. Compreendemos então que a felicidade não é um estado perene, mas sim momentos sublimes que vale sempre a pena viver.