Só o vento sabe de que cor que pintámos o amor
Só o vento sabe de que cor pintamos este Amor! Eu pintei-o de branco porque era inocente, hoje pinto-o de verde na esperança do teu regresso. Tu pintaste-o de vermelho porque para ti eu era apenas um corpo de desejo. Hoje pinta-lo de negro porque já fizeste o luto de tudo o que fomos, de tudo o que vivemos.
Mas na tela em que vou pintando a minha vida, pergunto-me se alguma vez saí de perto de ti, se alguma vez pensaste em mim com carinho ou enxotaste a minha imagem do véu dos teus olhos. Questiono-me se retiraste do teu coração o fascínio de caminhar lado a lado, a minha mão na tua ausência, os teus dedos no meu desejo. Gostava de saber se alguma vez foste assaltado pela partilha enclausurada da ternura ou pela inconcebível inexistência do tempo.
Por aqui, recordo a forma inconsistente as escapadelas noturnas, sob a enorme lua diluída, as horas loucas, mergulhadas na abstração desta caminhada, que fazíamos unidos por um destino comum, mas que hoje se move em direção a nada...
De que cor pintas ainda o nosso amor?