Sabor a Setembro
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Setembro sabe a fim de férias, últimos banhos de mar, último toque na areia, últimos caracóis na esplanada e o último adeus aos amores de Verão. Sabe a início de aulas, a alvoroço de canetas cadernos, livros e mochilas. Setembro são saudades do Outono: das túnicas brancas de manga comprida, de écharpes à volta do pescoço, de camisolas de gola alta, de botas de cano alto e salto fino ressuscitadas do armário. Setembro tem gosto de torradinhas onde a manteiga escorre, de cacau quente num fim de tarde, de canecas de chá verde com versos de Fernando Pessoa. Setembro cheira às primeiras chuvas que deixam no ar o doce aroma a terra molhada, que re-energiza não só o solo mas também a vida. Setembro tem o gosto dos dióspiros do Sr. Franco, (deliciosos, sumarentos, vermelhinhos), das uvas douradas da D. Emília, das broas de canela da D. Maria Antónia, dos figos e nozes do Raul, do moscatel do tio António, dos biscoitos de manteiga da avó Maria. Setembro sabe ainda à manta creme de quadradinhos castanhos na qual me enrolo no sofá e me perco nas páginas de um livro, ou numa caixa de chocolate quando a tristeza aperta. Setembro tem um toque de manhãs frias e fins de dia onde anoitece mais cedo, tem sabor, a filmes alugados e baldes de pipocas no chão da sala, a cobertores a mais na cama, tem gosto de preguiça no leito morno das manhãs de Domingo. Setembro… sabe a ti!