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aspalavrasnuncatedirei

Há palavras que nunca chegam ao destino...fazem uma longa e amarga travessia pela solidão dos sentidos e morrem na escrita destas crónicas.

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Há palavras que nunca chegam ao destino...fazem uma longa e amarga travessia pela solidão dos sentidos e morrem na escrita destas crónicas.

Amor em Tempo de Bibe

por aspalavrasnuncatedirei, em 24.09.08

 

 Imagem Retirada da Internet

 

Vêm de longe as histórias de rixas, as anedotas, as brincadeiras, os amores e desamores entre sogras e noras. Nem sempre se dão bem, raramente são amigas, isto porque cada uma delas, de forma inocente ou dissimulada, lutam pelo primeiro lugar no pódio/coração do filho/namorado/marido. Devo confessar que foi com um sorriso rasgado que recebi a notícia que tinha um novo estatuto - o de sogra. Logo no primeiro dia de escola (já lá vai um ano) o meu filho chegou a casa com uma expressão marota e confessou-me que na sua turma havia uma colega “linda”. Os seus olhos brilhavam quando lhe descrevia o louro do cabelo, o despenteado dos caracóis, a brancura da pele que contrastava com umas rosetas vermelhas, uns olhos azuis de onde saíam faíscas, uma energia que nunca está quieta e nunca se cala. Dias mais tarde, a confirmação «-Mamã, mamã! Perguntei à Raquel se queria ser minha namorada e ela disse “-Sim!!!» E foi aí que me tornei oficialmente “sogra”. O tempo foi passando e não querendo dar provas de ser uma mãe metediça, de vez em quando perguntava como ia o namoro e o meu rebento respondia que ia bem, e que gostava muito, muito da Raquel. Um dia fui buscá-lo à escola e pude confirmar a descrição que me tinha sido feita daquela que era senhora do seu coração. Bem gira, a minha nora! Sem que eu estivesse à espera, veio a correr na minha direcção (correr mesmo, não é um sentido figurado), deu-me um doce abraço, acompanhado com um beijo besuntado (não comecem já a pensar que estou a implicar com a rapariga mas fiquei com a bochecha a colar). Terminaram as aulas, vieram as férias, iniciou-se um novo ano lectivo e o namoro lá vai de vento em popa. Esta semana a Professora comentou com um sorriso «-Este amor vai dar em casamento, eles não se largam. Passam os dias de mão dada, comem juntos, fazem trabalhos um com o outro e andam sempre aos beijos». “Sempre aos beijos!?!?…» pensei eu num misto de diversão e preocupação, e resolvi indagar o rapaz sobre a veracidade desta afirmação. Eu não sou antiquada, mas é assim que se namora hoje? Ao chegar a casa, não me consegui conter «-A tua Professora disse-me que andas sempre aos beijos à Raquel, é verdade? O rapaz iluminou-se «É pois! Quando vamos brincar na casinha das bonecas, quando ninguém está a ver, dou-lhe um beijinho... daqueles... na boca!» Sim, leram bem “casinha das bonecas”. Este é um namoro de bibe, que começou no recreio do infantário sob os olhos atentos e divertidos de uma Educadora. A Raquel é uma linda princesa de quatro anos, com um rosto angelical que morre de amores, e é correspondida, pelo Pantufinha mais novo, de quatro anos também. No recreio, entre bolas e jogos, baloiços e escorregas, entre carros e bonecas trocam juras de amor seladas com beijos. Hoje, quando o fui buscar encontrei a minha Comadre, que é como quem diz a sogra do meu filho, que é como quem diz, a mãe da Raquel e já estávamos a colocar os cintos de segurança nas nossas crianças quando o meu D. Juan de bibe me pediu para sair do carro porque queria despedir-se da sua amada. Consenti, compreesiva. E lá foi ele, com uma segurança que só o amor permite, com um sorriso que só quem está apaixonado entende, pendurou-se na janela aberta da outra viatura e… Chuac!!! beijo na boca da Raquel. A minha comadre soltou uma gargalhada, eu fiquei envergonhada com a ousadia. Quando o pequeno playboy se aproximou de mim disse-lhe baixinho «-Não podes dar beijos na boca à Raquel quando os pais estão com ela, eles podem não gostar e ficam zangados contigo. A resposta não se fez esperar... «Não faz mal, ao pé da mãe posso, do pai é que não… ele é polícia.»

Ja Sei Namorar - Tribalistas

Sabor a Setembro

por aspalavrasnuncatedirei, em 11.09.08

 

Imagem Retirada da Internet

 

Setembro sabe a fim de férias, últimos banhos  de mar, último toque na areia, últimos caracóis na esplanada e o último adeus aos amores de Verão. Sabe a início de aulas, a alvoroço de canetas cadernos, livros e mochilas. Setembro são saudades do Outono: das túnicas brancas de manga comprida, de écharpes à volta do pescoço, de camisolas de gola alta, de botas de cano alto e salto fino ressuscitadas do armário. Setembro tem gosto de torradinhas onde a manteiga escorre, de cacau quente num fim de tarde, de canecas de chá verde com versos de Fernando Pessoa. Setembro cheira às primeiras chuvas que deixam no ar o doce aroma a terra molhada, que re-energiza não só o solo mas também a vida. Setembro tem o gosto dos dióspiros do Sr. Franco, (deliciosos, sumarentos, vermelhinhos), das uvas douradas da D. Emília, das broas de canela da D. Maria Antónia, dos figos e nozes do Raul, do moscatel do tio António, dos biscoitos de manteiga da avó Maria. Setembro sabe ainda à manta creme de quadradinhos castanhos na qual me enrolo no sofá e me perco nas páginas de um livro, ou numa caixa de chocolate quando a tristeza aperta. Setembro tem um toque de manhãs frias e fins de dia onde anoitece mais cedo, tem sabor, a filmes alugados e baldes de pipocas no chão da sala, a cobertores a mais na cama, tem gosto de preguiça no leito morno das manhãs de Domingo. Setembro… sabe a ti!

 

Green Day-Wake me up when september ends.mp3 -

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